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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 188
Que importava? Ninguém a poderia ver. Nem mesmo ele a veria. Porque havia de contemplar a hedionda corrupção da sua alma? Conservava a sua mocidade - isso lhe bastava. E, demais a mais, não poderia a sua índole tornar-se, afinal, mais bela? Nenhuma razão havia para o futuro ser tão cheio de opróbrio. Podia surgir-lhe na vida um amor que o purificasse e o protegesse contra aqueles pecados que já em torno de si pareciam adejar em espírito e carne - aqueles curiosos pecados jamais descritos, cuja subtileza e cujo encanto dimanava do próprio mistério. Talvez que um dia se dissipasse o terrível vinco que deformava a boca rubra e sensitiva e que ele enfim pudesse mostrar ao mundo a obra-prima de Basil Hallward.

Não, era impossível! Hora a hora, semana a semana, a imagem pintada na tela ia envelhecendo. Podia escapar à hediondez do pecado, mas não à hediondez da idade. As faces cavar-se-lhe-iam ou tornar-se-lhe-iam flácidas. Em torno dos olhos alastrar-se-iam as rugas, que os tornariam horríveis. O cabelo perderia o seu brilho, a boca arrepanhar-se-ia, dar-lhe-ia a aparência imbecil ou grosseira dos velhos. Viriam as rugas no pescoço, apareceriam as veias azuis nas mãos frias, torcer-se-lhe-ia o corpo, como a seu avô, que tão severo fora para ele na sua meninice.

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pág. 188 (Capítulo 11)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 188

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313