O Retrato de Dorian Gray - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 189 / 335

Não havia remédio. Era preciso esconder o retrato.

- Faça o favor de o trazer para aqui, Sr. Hubbard, - disse, penosamente, voltando-se. - Sinto muito tê-lo demorado tanto. Estava a pensar noutra coisa.

- Agrada sempre descansar um bocado, Sr. Gray - respondeu o homem das molduras, ofegante. - Onde o havemos de pôr?

- Oh, em qualquer parte. Aqui: fica perfeitamente. Não o quero pendurar. Encoste-o à parede. Obrigado.

- Dá licença de admirar a obra de arte?

Dorian estremeceu.

- Isso não o interessaria, Sr. Hubbard - respondeu cravando os olhos no homem. Sentia-se pronto a saltar sobre ele e a atirá-lo ao chão, se ele ousasse erguer a sumptuosa colcha que ocultava o segredo da sua vida. - Não o incomodo mais. Agradeço-lhe muito a fineza de ter vindo.

- Não há de quê, não há de quê, Sr. Gray. Sempre ao seu dispor.

O Sr. Hubbard desceu as escadas, seguido do seu empregado, que, voltando-se, relanceou a Dorian um olhar de tímida admiração. Nunca vira ninguém de tão maravilhosa beleza.

Apenas se apagou o ruído dos seus passos, Dorian fechou a porta e meteu a chave no bolso. Sentia-se agora salvo. Ninguém poria jamais os olhos no retrato hediondo. Só ele veria a sua própria vergonha.





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