O Retrato de Dorian Gray - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 190 / 335

Ao chegar à biblioteca, reparou que já passava das cinco horas e que haviam trazido o chá. Sobre uma mesinha de pau-preto perfumado, marchetada a nácar, presente de Lady Radley, esposa do seu tutor, uma linda doente profissional, que passara o Inverno anterior no Cairo, achava-se uma carta de Lord Henry, acompanhando um livro encadernado em papel amarelo, com a capa ligeiramente rota e as beiras sujas. Na bandeja estava um exemplar da terceira edição do jornal The St. James's Gazette. Era evidente que Victor havia regressado. Dorian perguntou a si mesmo se o criado encontraria os homens à saída da casa e deles haveria sabido o que tinham vindo fazer. Havia com certeza de dar pela falta do quadro - sem dúvida até já dera, enquanto dispunha sobre a mesa o serviço do chá. O biombo não fora arrumado e notava-se um espaço vazio na parede. Talvez que uma noite desse com ele a subir as escadas e a tentar abrir a porta do quarto. Era uma coisa horrível ter um espião na sua própria casa. Ouvira falar de homens ricos, toda a vida explorados por algum criado que lera uma carta, surpreendera uma conversa, apanhara um bilhete com uma morada ou encontrara debaixo do travesseiro uma flor ressequida ou um pedaço de renda amarrotada.





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