O Retrato de Dorian Gray - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 198 / 335

Quanto mais sabia mais queria saber. Tinha fomes doidas, que se tornavam tanto mais vorazes quanto mais procurava saciá-las.

Todavia, não descurava as suas relações sociais. Uma ou duas vezes por mês, durante o Inverno, e todas as quartas-feiras à .noite, enquanto durava a temporada, abria à sociedade a sua bela casa, onde os músicos mais célebres encantavam os convidados com as maravilhas da arte. Os seus jantares, em cujo arranjo cooperava sempre Lord Henry, destacavam-se tanto pela meticulosa selecção dos convidados como pelo gosto peregrino revelado na decoração da mesa, com subtis combinações sinfónicas de flores exóticas, toalhas bordadas e baixela antiga de oiro e prata. Efectivamente, havia muitos homens, mormente entre os mais novos, que viam, ou imaginavam ver, em Dorian Gray a vera realização dum tipo por eles muitas vezes sonhado nos seus tempos de Eton ou Oxford, tipo que devia combinar algo da cultura real do escolar com toda a graça, distinção e perfeitas maneiras dum homem da sociedade. Afigurava-se-lhes que Dorian Gray pertencia ao número daqueles que Dante descreve havendo procurado «tornar-se perfeitos pelo culto da beleza». Como Gautier, Dorian era um homem para quem «existia o mundo visível».





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