O Retrato de Dorian Gray - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 199 / 335

E, com efeito, para ele a Vida era a primeira, a maior das artes, e todas as outras artes nada mais pareciam ser do que uma preparação para a Vida. A Moda, que torna momentaneamente universal aquilo que é realmente fantástico, e o dandismo, que é, de certo modo, uma tentativa para afirmar a absoluta modernidade da beleza, exerciam, portanto, sobre ele a sua fascinação. O seu modo de vestir, as maneiras particulares que, de vez em quando, assumia, exerciam influência notória sobre os jovens elegantes dos bailes de Mayfair ou do clube Pall Mall, que o copiavam em tudo o que ele fazia e se esforçavam por reproduzir o encanto acidental das suas extravagâncias, que ele, aliás, não tomava inteiramente a sério.

Conquanto estivesse pronto a aceitar a situação que lhe era quase imediatamente oferecida ao atingir a maioridade e achasse, deveras, um subtil prazer na ideia de poder vir realmente a ser para Londres o que, nos tempos de Nero, fora para Roma o autor do «Satyricon», todavia, no âmago do seu coração, desejava ser alguma coisa mais do que um mero arbiter elegantiarum, consultado sobre a maneira de pôr uma jóia, dar o nó duma gravata ou usar uma bengala.





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