O Retrato de Dorian Gray - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 212 / 335

Eduardo II deu a Piers Gaveston uma armadura de oiro rubro marchetada de jacintos, um colar de rosas de oiro e turquesas e um elmo recamado de pérolas. As luvas que Henrique II usava chegavam-lhe até ao cotovelo e eram consteladas de jóias. Este rei tinha ainda uma luva para caça de altanaria cosida com doze rubis e cinquenta e duas grandes pérolas. O chapéu ducal de Carlos o Temerário, o derradeiro Duque de Borgonha da sua raça, era adornado a pérolas periformes e recamado de safiras.

Que bela fora outrora a vida! Que sumptuosidade na sua pompa e na sua decoração! Só o ler as descrições do fausto e da magnificência dos tempos idos já era um deslumbramento!

Voltou depois a sua atenção para os bordados e para as tapeçarias que representavam o papel dos frescos nas álgidas salas das nações setentrionais da Europa. Quando aprofundava o assunto - e tinha sempre uma extraordinária faculdade de se absorver absolutamente em tudo aquilo que empreendia - quase o entristecia o pensar na ruína em que o Tempo subvertia as coisas belas e maravilhosas... Ele, no entanto, escapara... Passava o Verão, sucedia-se outro, os amarelos junquilhos floriam e morriam muitas vezes, noites de horror repetiam a história da sua vergonha, ele, porém, permanecia incólume!





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