O Retrato de Dorian Gray - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 222 / 335

Ali, no seu gibão vermelho, bordado a oiro, coberto por um manto constelado de jóias, de peito e punhos de rendas com franjas de oiro, erguia-se Sir Anthony Sherard, com a armadura de prata pousada aos pés. Que herdara deste homem? Legara-lhe o amante de Giovanna de Nápoles alguma herança de pecado e vergonha? Eram as suas acções apenas os sonhos que o morto não ousara realizar?

Mais além, sorria Lady Elizabeth Devereux, de touca de gaze, corpete recamado de pérolas e mangas de cetim cor-de-rosa. Tinha na mão direita uma rosa e na esquerda um colar esmaltado de rosas brancas de Damasco. Numa mesa ao lado estavam um bandolim e uma maçã. Nos sapatos pontiagudos luziam grandes rosetas verdes. Ele sabia a vida dela e as estranhas histórias que dos seus amantes contavam. Existia nele alguma coisa do seu temperamento? Aqueles olhos ovais, de pesadas pálpebras, pareciam fitá-lo com curiosidade...

E George Willoughby, de cabelo empoado e fantásticas moscas na cara? Que mau aspecto tinha! Rosto saturnino e tisnado, lábios sensuais que pareciam franzir-se de desdém... Sobre as magras mãos carregadas de anéis caíam-lhe as rendas delicadas dos punhos.





Os capítulos deste livro