O Retrato de Dorian Gray - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 228 / 335

- Que é? - perguntou Dorian, no seu modo petulante, estirando-se no sofá. - Espero que não seja a meu respeito. Estou esta noite cansado de mim mesmo. Desejaria ser outro.

- É a seu respeito - respondeu Hallward, na sua voz grave e profunda - e tenho de lho dizer. Só o demorarei meia hora.

Dorian suspirou e acendeu um cigarro. - Meia hora! - murmurou.

- Não é pedir-lhe muito, Dorian, e é exclusivamente para seu interesse que lhe falo. Acho conveniente que saiba que se dizem em Londres as coisas mais terríveis contra você.

- Não quero saber nada disso. Gosto dos escândalos que atingem os outros, mas os escândalos que me dizem respeito não me interessam. Não têm o encanto da novidade.

- Devem interessá-lo, Dorian. Todo o gentleman se interessa pelo seu bom nome. Você não quer que falem de si como dum homem vil e abjecto. É claro que tem a sua posição, a sua fortuna e todas essas coisas. Mas a posição e a fortuna não são tudo. Note, eu não acredito em nada disso que dizem. Pelo menos, não posso acreditar quando o vejo. O pecado é uma coisa que se estampa na cara dum homem. Não pode ocultar-se. Falam às vezes de vícios secretos. É coisa que não há.





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