Capítulo 13: Capítulo 13
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Se um desgraçado tem um vício, revela-se-lhe nas linhas da boca, nas pálpebras caídas, no feitio das mãos, até. Alguém - não lhe digo o nome, mas você conhece-o - veio o ano passado pedir-me que lhe pintasse o retrato. Eu nunca o tinha visto antes, e nunca, até então, ouvira dizer nada a seu respeito, embora depois tenha ouvido muita coisa. Ofereceu-me uma quantia fabulosa. Recusei. Havia no feitio dos seus dedos alguma coisa que eu detestava. Sei agora que tinha toda a razão no que dele imaginava. Tem uma vida terrível. Mas, você, Dorian, com a sua cara pura, radiosa, inocente e a sua maravilhosa e serena mocidade, não posso acreditar nada do que digam em seu desabono. Contudo, raras vezes o vejo, agora nunca vai ao meu atelier, e, quando ouço todas essas coisas horrendas que se rumorejam contra você, não sei que dizer. Por que é, Dorian, que um homem como o duque de Berwick, quando você entra, abandona a sala do clube? Por que é que tantos cavalheiros de Londres nem vêm a sua casa nem o convidam para as deles? Você era amigo de Lord Staveley. Encontrei-me com ele ao jantar a semana passada. No decorrer da conversa pronunciou-se o seu nome, a propósito das miniaturas que você emprestou para a exposição de Dudley. Staveley franziu os lábios e disse que você podia ter os gostos mais artísticos, mas que era homem que a nenhuma rapariga pura devia ser permitido conhecer e com quem nenhuma mulher casta devia sentar-se na mesma sala.
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Páginas: 335
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