O Retrato de Dorian Gray - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 231 / 335

Se o imbecil do filho de Kent casa com uma mulher que apanhou na rua, que tenho eu com isso? Se Adrian Singleton assina as letras com os nomes dos amigos, tenho eu obrigação de o guardar? Conheço a tagarelice inglesa. Os burgueses fazem à mesa estendal dos seus preconceitos e cochicham comentários superiores, a fim de procurarem fingir que pertencem à sociedade fina e que estão nas melhores relações com as pessoas que abocanham. Neste país basta um homem ter distinção e cérebro para todas as más línguas se encarniçarem contra ele. E que vida é a dessa gente que se exibe como modelo de moral idade? Meu caro, esquece-se de que estamos na terra natal da hipocrisia!...

- Dorian - exclamou Hallward -, não é disso que se trata! A Inglaterra é bastante má, bem sei, e a sociedade inglesa tem todos os defeitos. É essa a razão por que eu quero que você seja digno. Você não tem sido digno. A gente tem o direito de julgar um homem pela influência que exerce sobre os seus amigos. Os seus parecem haver perdido toda a noção de honra, de bondade, de pureza. Você infundiu neles a loucura do prazer. Desceram ao abismo. Foi você que os arrastou. Sim, foi você que os arrastou ao abismo, e, apesar disso, ainda tem ânimo para sorrir, como está sorrindo agora. Mas há coisas piores. Sei que você e o Henry são inseparáveis. Por esse motivo, se não por outro, você nunca devia ter lançado no ridículo o nome da irmã.





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