O Retrato de Dorian Gray - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 232 / 335

- Tenha cuidado, Basil. Está-se adiantando demais.

- Hei-de falar, e você há-de ouvir-me. Tem de me ouvir. Quando você encontrou Lady Gwendolen, nunca a roçara a mais leve sombra de escândalo. Há, porventura, agora em Londres uma mulher decente que vá com ela de carro ao Parque? Nem sequer consentem que seus filhos vivam com ela! Depois há outras histórias - dizem que o viram sair ao amanhecer de casas terríveis e entrar disfarçado nos antros mais infames de Londres. É verdade? Pode tudo isso ser verdade? Quando pela primeira vez ouvi essas histórias, ri-me. Ouço-as agora e fazem-me estremecer. Que me diz da sua casa de campo e da vida que lá se faz? Dorian, não sabe o que a seu respeito se diz. Não lhe direi que lhe não quero pregar moral. Lembro-me de o Henry uma vez dizer que todo o homem que se fazia cura amador por um momento principiava sempre por dizer isso e depois faltava à sua palavra. Quero, sim, pregar-lhe moral. Quero que você leve uma vida que suscite o respeito do mundo. Quero que tenha um nome honrado e uma crónica limpa. Quero que se liberte dessa gente hedionda com quem anda metido. Não encolha assim os ombros. Não se mostre assim indiferente.





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