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Capítulo 14: Capítulo 14

Página 240

Chegou de novo a luz à tela e examinou-a. A superfície parecia achar-se tal qual ele a deixara, sem haver sofrido a mais leve alteração. Era de dentro, parecia, que provinha aquela ignomínia, aquele horror. Devido a alguma estranha intensificação da vida interior, a lepra do pecado ia lentamente devorando o quadro. Não era tão terrível a putrefacção dum cadáver numa sepultura inquinada de humidade.

A mão tremeu-lhe, e a vela caiu-lhe do castiçal, ficando a arder no chão. Pôs-lhe o pé em cima e apagou-a. Depois atirou-se para cima da cadeira desconjuntada que estava ao pé da mesa e tapou a cara com as mãos.

- Meu Deus, Dorian, que lição! que terrível lição! Como única resposta, ouviu o soluçar do jovem, junto à janela.

- Reze, Dorian, reze! - murmurou. - Que nos ensinaram a dizer na nossa infância? «Não nos deixeis cair em tentação. Perdoai os nossos pecados. Purificai-nos das nossas iniquidades». Digamos isso ambos. A prece do seu orgulho foi atendida. Também o há-de ser a do seu arrependimento. Adorei-o demais. Eis o meu castigo. Você adorou-se também demais. Somos ambos castigados.

Dorian Gray voltou-se lentamente e fitou nele os olhos marejados de lágrimas.

- É demasiado tarde, Basil - balbuciou.

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pág. 240 (Capítulo 14)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 240

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313