Havendo chegado à porta, desandou a chave e abriu-a. Nem sequer olhou para o cadáver. Sentia que o segredo em que tudo aquilo se passara o devia pôr a coberto de toda a suspeita. O amigo que pintara o retrato fatal, origem de toda a sua miséria, desaparecera da sua vida. Isso bastava. Lembrou-se então do candeeiro um tanto curioso, trabalho mourisco, feito de prata oxidada, com incrustações de arabescos de aço brunido e adornado de turquesas grosseiras. Talvez o criado desse pela falta dele e começasse a fazer perguntas... Hesitou um momento, depois voltou para trás e pegou nele. Não pôde deixar de ver o morto. Que quietude! Que horrível alvura a daquelas compridas mãos! Parecia uma terrível figura de cera.