Depois de ter tomado a sua chávena de café, limpou lentamente os lábios com o guardanapo, fez sinal ao criado para que esperasse, e, indo sentar-se à mesa, escreveu duas cartas. Meteu uma no bolso e entregou a outra ao criado.
- Leve esta carta à Rua Hertford, 152, e, se o Sr. Campbell estiver ausente, saiba-me a sua direcção.
Apenas ficou só, acendeu um cigarro e começou a garatujar num pedaço de papel, desenhando primeiro flores e trechos de arquitectura e depois caras humanas. De repente notou que todas as caras que desenhava pareciam ter uma fantástica semelhança com Basil Hallward, Carregou as sobrancelhas e, levantando-se, foi à estante e tirou um livro ao acaso. Estava resolvido a não pensar no que sucedera, senão quando se tornasse absolutamente necessário fazê-lo.
Estirou-se no sofá e olhou para o frontispício do livro.
Eram os «Emaux et Camées», de Gautier, edição de Charpentier, em papel japonês e com uma água-forte de Jacquemart. A encadernação era em coiro verde-limão, com entrelaçamentos doirados e salpicada de romãs. Fora-lhe dado por Adrian Singleton. Ao folheá-lo deparou-se-lhe o poema sobre a mão de Lacenaire, a fria mão amarela du supplice encare mal lavée, com os seus pêlos vermelhos e os seus doigts de faune.