O Retrato de Dorian Gray - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 252 / 335

A sua intimidade durou dezoito meses. Campbell estava sempre ou em Selby Royal ou na Praça Grosvenor. Para ele, como para muitos outros, Dorian Gray era o tipo de tudo o que na vida há de maravilhoso e fascinante. Nunca ninguém soube se entre eles houvera ou não alguma desavença. Mas de súbito tornou-se reparado que mal falavam quando se encontravam, e que Campbell parecia retirar-se sempre cedo de qualquer reunião a que estava presente Dorian Gray. Mudara muito, também - acabrunhava-o às vezes uma estranha melancolia, quase parecia não gostar de ouvir música e nunca tocava agora, dando como desculpa, às visitas que lho pediam, que os seus estudos científicos o absorviam tanto que não tinha tempo para praticar. E isto era, sem dúvida, verdade. Parecia interessar-se cada vez mais pela biologia, e o seu nome apareceu uma ou duas vezes em revistas científicas, a propósito de certas experiências curiosas.

Tal era o homem que Dorian Gray esperava. Não desfitava os olhos do relógio. Cada minuto que passava punha-o numa agitação horrível. Por fim levantou-se e começou a passear para cá e para lá, como um lindo animal preso numa jaula. Dava grandes passadas. Tinha as mãos curiosamente frias.





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