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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 253

A ansiedade tornava-se-lhe insuportável. Parecia-lhe que o Tempo se arrastava com pés de chumbo, enquanto rajadas monstruosas o iam a ele atirando para o cairel duma negra voragem hiante. Sabia o que o esperava; via-o, na verdade, e, tremendo, esmagou com as mãos húmidas as pálpebras ardentes, como se quisera privar o cérebro de vista e recalcar as pupilas para a profundidade das órbitas. Era inútil. O cérebro tinha em si mesmo muito de que se alimentar, e a imaginação, que o terror tornava grotesca, torcia-se e destorcia-se como um ser vivo nas vascas da dor, dançava como um títere e, através de máscaras articuladas, fazia esgares hediondos... Então, de repente, o Tempo parou para ele. Sim, esse monstro cego, de fôlego lento, não se arrastava mais, e, estando morto o Tempo, logo acorreram horríveis pensamentos, que arrancaram da sepultura um Futuro horrendo e lho mostraram. Pôs nele os olhos, e o horror do que viu petrificou-o.

Finalmente, abriu-se a porta e entrou o criado. Dorian cravou nele os olhos esgazeados.

- O Sr. Campbell - disse o homem.

Brotou-lhe dos lábios ressequidos um suspiro de alívio e coloriram-se-lhe de novo as faces.

- Peça-lhe que entre, Francis.

Sentia-se de novo ele mesmo. Desprendera-se das garras da cobardia que o enleavam.

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pág. 253 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 253

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313