A luz reflectia-se tremendo nas poças de água. Dum vapor a meter carvão vinha um clarão rubro. A calçada viscosa parecia um oleado molhado.
Dirigiu-se, correndo, para a esquerda, olhando, de vez em quando, para trás, para ver se alguém o seguia. Ao cabo de sete ou oito minutos, chegou a um casebre, entalado entre duas pequenas fábricas. Numa das janelas luzia um candeeiro. Parou e bateu dum jeito especial.
Passados uns minutos, ouviu passos no corredor.
Abriram-lhe a porta de mansinho. Entrou sem dizer palavra ao vulto que à sua passagem se diluiu na sombra. Ao fundo do corredor pendia uma cortina verde esfarrapada, que o vento vindo da rua fazia tremular. Afastou-a e penetrou numa sala comprida e baixa, que parecia ter sido noutros tempos um salão de baile de terceira ordem. Ao longo das paredes ardiam bicos de gás, cuja chama se reflectia e deformava nos espelhos manchados pelas moscas. Gordurosos reflectores de lata colocados por trás projectavam trémulos discos de luz. O chão estava todo coberto de serrim amarelado empastado aqui e além em lama, e manchado de negros círculos de líquido derramado. Alguns malaios estavam acocorados junto dum fogareiro de carvão, jogando com dados de osso e mostrando, ao falar, os dentes alvos.