Endurecido, concentrado no mal, com o espírito manchado e a alma faminta de rebelião, Dorian Gray acelerava cada vez mais o passo. Ao meter, porém, por uma lôbrega arcada, por onde muita vez, para encurtar caminho, atravessara para ir ao antro para onde agora se dirigia, sentiu-se bruscamente agarrado por trás, e, antes de ter tempo de se defender, uma mão brutal fincou-se-lhe na garganta e atirou-o contra a parede.
Lutou desesperadamente para se desenvencilhar, e, por um terrível esforço, conseguiu descravar os dedos que ameaçavam estrangulá-lo. Num segundo ouviu o estalido dum revólver, e viu um cano polido luzir-lhe junto à cabeça e, na penumbra, o vulto dum homem baixo e espadaúdo.