- Que quer? - balbuciou.
- Quieto! - ordenou o homem. - Se se mexe, disparo!
- Está doido. Que lhe fiz eu?
- Deu cabo da vida de Sibyl Vane, e Sibyl Vane era minha irmã. Matou-se. Sei-o. É você o culpado. Jurei que em paga o havia de matar. Há anos que o procuro. Não tinha pista nenhuma, rasto nenhum. As duas pessoas que me poderiam dar os seus sinais morreram. De si só conhecia o nome por que ela costumava chamá-lo. Ouvi-o há pouco por acaso. Regule as suas contas com Deus, pois vai morrer esta noite.
Dorian Gray sentia-se agoniado e febricitante.
- Nunca a conheci - tartamudeou. - Nunca ouvi esse nome. Está doido.
- Era melhor confessar o seu pecado, pois, tão certo como eu me chamar James Vane, vou matá-lo...
Seguiu-se um momento horrível. Dorian não sabia que dizer ou fazer.
- De joelhos! - rosnou o homem. - Dou-lhe um minuto para se reconciliar com Deus, não mais. Embarco esta noite para a Índia, e tenho de cumprir primeiro este dever. Um minuto só. Nada mais.
Dorian deixou pender os braços. Paralisado de horror, não sabia que fazer. De súbito iluminou-lhe o cérebro um relâmpago de esperança.
- Espere - exclamou. - Há quanto tempo morreu sua irmã? Diga depressa!
- Há dezoito anos. Porque mo pergunta? Que importam os anos?