O Retrato de Dorian Gray - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 290 / 335

- Há dezoito anos - gargalhou triunfalmente Dorian Gray. - Há dezoito anos! Leve-me para debaixo daquele candeeiro e olhe bem para a minha cara!

James Vane hesitou um momento, não compreendendo o que ele tinha em mente. Depois agarrou em Dorian Gray e arrastou-o para fora da arcada.

A luz era frouxa e vacilante; no entanto, serviu para lhe mostrar o erro hediondo em que estivera prestes a cair, pois a cara do homem que pretendera matar tinha toda a radiosa frescura da adolescência, toda a imaculada pureza da mocidade. Pouco mais parecia ter do que vinte primaveras, pouco mais velho seria, se é que o era, do que sua irmã, quando, há tantos anos, se despediram... Era evidente que não era aquele o homem que lhe arruinara a vida.

Largou-o e recuou.

- Meu Deus! meu Deus! e eu tê-lo-ia matado! Dorian Gray respirou profundamente.

- Esteve à beira de cometer um terrível crime - disse, fitando o homem rispidamente. -Que isto seja para você um aviso para se não vingar por suas próprias mãos.

- Perdoe-me, senhor - murmurou James Vane.

- Enganei-me. Uma palavra ouvida. por acaso naquele antro maldito lançou-me numa pista errada.

- Seria melhor ir para casa e desfazer-se da pistola, que o pode meter em trabalhos - aconselhou Dorian, rodando sobre os calcanhares e descendo lentamente a rua.





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