Era melhor não pensar no passado. Nada o podia alterar. Era em si próprio, e no seu futuro, que devia pensar. James Vane achava-se sepultado numa campa anónima do cemitério de Selby. Alan Campbell matara-se uma noite no seu laboratório, mas não revelara o seu segredo que fora obrigado a conhecer. A excitação despertada pelo desaparecimento de Basil Hallward não tardaria a dissipar-se. Estava já a desvanecer-se. Estava, pois, absolutamente seguro. Não era, porém, a morte de Basil Hallward o que mais lhe acabrunhava o espírito: o que mais o atormentava era a morte viva da sua alma. Basil pintara o retrato que lhe transtornara a vida. Não lho podia perdoar. Foi o retrato o causador de tudo. Basil dissera-lhe coisas incomportáveis e que, no entanto, suportara com paciência.