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Capítulo 20: Capítulo 20

Página 333
Havia um Deus que intimava os homens a confessarem os seus pecados à terra, assim como ao céu. Nada o poderia lavar, enquanto não revelasse o seu pecado. O seu pecado? Encolheu os ombros. A morte de Basil Hallward parecia-lhe coisa insignificante. Pensava na Hetty Merton. Era um espelho injusto, esse espelho da alma em que se estava mirando. Curiosidade? Hipocrisia? Na sua renúncia nada mais houvera do que isso? Sim, alguma coisa mais houvera. Pelo menos assim o pensava. Mas quem o poderia dizer?.. Não. Nada mais houvera. Poupara-a por vaidade. Usara por hipocrisia a máscara da bondade. Tentara por curiosidade a auto-renúncia. Reconhecia agora tudo isso.

Mas esse assassínio... havia de o trazer sempre agrilhoado à sua vida? Havia de andar sempre vergado sob o peso do seu passado? Devia realmente confessar? Nunca! Contra ele apenas restava um pequeno indício: era o retrato. Destrui-lo-ia. Porque o conservara tanto tempo? Outrora sentia prazer em vê-lo mudar e envelhecer. Ultimamente, porém, já não sentia prazer algum. Conservava-o desperto de noite. Quando se ausentava, andava cheio de terror, na ideia de que outros olhos o vissem. Impregnara de melancolia todas as suas paixões.

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 333

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313