O Retrato de Dorian Gray - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 34 / 335

Faz parte dos grandes factos do mundo, como a luz do sol, a Primavera, a reflexão nas águas escuras dessa concha de prata que se chama Lua. Não pode ser contestada. Tem o' seu direito divino de soberania. Faz príncipes aqueles que a possuem. Sorri? Ah! quando a tiver perdido, não sorrirá ... Dizem às vezes que a Beleza é superficial. Talvez. Mas pelo menos não é superficial como o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só as pessoas banais é que não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, e não o invisível. Sim, Sr. Gray, os deuses foram-lhe propícios. Mas o que os deuses dão depressa tiram. Apenas tem alguns anos para viver real, perfeita e plenamente. Quando passar a sua mocidade, segui-la-á a sua beleza, e depois descobrirá de repente que não lhe resta mais triunfo algum, ou terá de se contentar com esses mesquinhos triunfos que a recordação do seu passado tornará mais amargos do que derrotas. Cada mês que passa aproxima-se de alguma coisa terrível. O tempo tem ciúmes de si e peleja contra os seus lírios e as suas rosas. As suas faces embaciar-se-ão e cavar-se-ão, os seus olhos perderão o seu fulgor. Será para si um sofrimento horrível. Ah! utilize a sua mocidade, enquanto a tem!




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