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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 73
Bem, uma tarde, pelas sete horas, resolvi sair à cata de aventura. Sentia que esta nossa parda e monstruosa Londres, com as suas miríades de habitantes, os seus sórdidos pecadores e os seus esplêndidos pecados, como você disse uma vez, devia ter alguma coisa de reserva para mim. Fantasiei mil coisas. Exultava só com a hipótese do perigo. Lembrava-me só das suas palavras naquela noite admirável em que pela primeira vez jantámos juntos, quando você me disse que procurar a beleza é o verdadeiro segredo da vida. Não sei o que é que eu esperava, mas saí e encaminhei-me para a parte oriental, perdendo-me dentro em pouco num labirinto de ruas lôbregas e praças negras e sem relva. Aí pelas oito horas e meia, passei por um absurdo teatrito, iluminado a bicos de gás e forrado de cartazes multicores. Um hediondo judeu, com o colete mais patusco que em toda a minha vida tenho visto, estava postado à entrada, fumando um reles cigarro. O cabelo caía-lhe em madeixas gordurosas e no peitilho da camisa suja refulgia-lhe um enorme diamante. «Quer um camarote, meu senhor?» perguntou ele ao ver-me, tirando o chapéu num gesto de espectaculoso servilismo. Havia nele qualquer coisa, Henry, que me divertia. Era um monstro.

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pág. 73 (Capítulo 5)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313