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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 77
Era a princípio muito débil, com notas profundas e melodiosas, que pareciam penetrar, uma por uma, nos nossos ouvidos. Depois subia um pouco e assemelhava-se ao som longínquo duma flauta ou dum oboé. Na cena do jardim tinha todo o trémulo êxtase que a gente ouve antes do alvorecer, quando cantam os rouxinóis. Havia momentos, depois, em que tinha a desvairada paixão dos violinos. Sabe o império que sobre mim tem uma voz ... A voz e a Sibyl Vane são duas coisas que eu jamais esquecerei. Quando cerro os olhos, ouço-as, e cada uma delas diz-me alguma coisa diferente. Não sei qual delas seguir. Porque não havia de amá-la? Henry, amo-a. Ela é para mim tudo na vida. Vou todas as noites vê-la representar. Uma noite é Rosalinda, outra noite é Imogénia. Vi-a morrer na penumbra dum jazigo italiano, sorvendo o veneno dos lábios do amante. Vi-a vaguear pela floresta de Arden, graciosamente disfarçada de rapaz, de calças, gibão e boné. Vi-a doida, apresentar-se diante dum rei criminoso e dar-lhe arruda e ervas amargas. Vi-a em todos os tempos e em todos os trajos. As mulheres vulgares nunca fazem vibrar a nossa imaginação. Limitam-se ao seu século. Não há feitiço que as transfigure. Conhecemos o seu íntimo tão facilmente como lhes conhecemos os chapéus. Podemos sempre penetrá-las.

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 77

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313