O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 78 / 335

Em nenhuma delas há mistério. Passeiam a cavalo no Parque de manhã e tagarelam nos chás à tarde. Têm o seu sorriso estereotipado e adoptam as maneiras que lhes impõe a moda. São duma transparência perfeita. Mas uma actriz! Que diferente é uma actriz, Henry! Por que me não disse que o único ser que vale a pena amar é uma actriz?

- Porque tenho amado tantas, Dorian...

- Oh, sim, criaturas horrendas, de cabelos tingidos e caras pintadas.

- Não diga mal dos cabelos tingidos e das caras pintadas. Têm às vezes um encanto extraordinário.

- Já estou arrependido de lhe ter falado de Sibyl Vane.

- Não podia deixar de me falar dela, Dorian. Toda a sua vida me há-de dizer tudo o que fizer.

- Sim, Henry, creio que é verdade. Não posso deixar de lhe contar tudo o que comigo se passa. Você tem sobre mim uma curiosa influência. Se eu algum dia cometesse um crime, viria confessar-lho. Você compreender-me-ia.

- As pessoas como você, raios de sol da existência, não cometem crimes, Dorian. Mas agradeço-lhe muito a amabilidade. E agora diga-me - chegue-me os fósforos como um rapaz amável, obrigado - em que pé estão as suas relações com Sibyl Vane?

Dorian ergueu-se de um salto. Tinha as faces afogueadas e os olhos chamejantes.





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