O Retrato de Dorian Gray - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 96 / 335

- Estou muito mal vestido - respondeu ele, carregando o sobrecenho. - Ao Parque só vai gente chie.

- Disparate, Jim - segredou-lhe ela, afagando-lhe a manga do casaco.

Ele hesitou um momento. Por fim disse:

- Muito bem, mas não te demores muito a vestir-te. Ela saiu do quarto a dançar. A mãe e o irmão ouviram-na cantar pelas escadas acima e pular de alegria.

O irmão deu duas ou três voltas no quarto. Depois voltou-se para a velha, que, em silêncio, cosia.

- Mãe, as minhas coisas estão prontas? - perguntou.

- Está tudo pronto, James - respondeu ela, sem levantar os olhos do trabalho.

Havia meses que se sentia mal, quando se encontrava a sós com este seu filho, severo e bisonho. A sua frivolidade secreta perturbava-se, quando os seus olhos se cruzavam com os dele. A si mesma perguntava se ele suspeitava de alguma coisa. O silêncio, pois ele nenhuma observação fazia, tornava-se-lhe intolerável. Começou a queixar-se. Muitas vezes as mulheres defendem-se atacando, assim como atacam por súbitas e estranhas capitulações.

- Espero que te dês bem com a tua vida marítima, James - disse ela. - Deves lembrar-te de que foste tu que escolheste. Podias entrar para o cartório dum solicitador. É uma classe muito respeitável; na aldeia muitas vezes os solicitadores jantam com as melhores famílias.





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