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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 96
Ainda que tivesse na alma um certo desejo de aprender, como não participa em nenhuma ciência, em nenhuma pesquisa, em nenhuma discussão nem em nenhum exercício da música, esse desejo torna-se fraco, surdo e cego: não é despertado, nem cultivado, nem liberto da ganga das sensações.

- Assim é - disse ele.

- Nesse caso, creio que um tal homem se torna inimigo da razão e das Musas; já não se serve do discurso para persuadir; alcança em tudo os seus fins pela violência e a selvajaria, como um animal feroz, e vive no seio da ignorância e da grosseria, sem harmonia e sem graça.

- É perfeitamente exacto.

- Aparentemente, para estes dois elementos da alma, o corajoso e o filosófico, um deus, direi eu, deu aos homens duas artes, a música e a ginástica; não os deu para a alma e para o corpo, a não ser por incidência, mas para aqueles dois elementos, a fim de que se harmonizem entre si, sendo esticados ou soltos até ao ponto conveniente.

- Assim parece.

- Por conseguinte, aquele que associa com mais beleza a ginástica

à música e, com mais tacto, as aplica à sua alma, esse, di-lo-emos com toda a justiça, é músico perfeito e perfeito harmonista, muito mais do que aquele que afina entre si as cordas de um instrumento.

- Di-lo-emos com toda a justiça, Sócrates.

- Portanto, Gláucon, precisaremos também na nossa cidade de um chefe capaz de regular esta associação, se quisermos salvar a nossa constituição.

- Por certo que precisaremos, e muito.

- É este o nosso plano de ensino e educação nas suas linhas gerais; com efeito, para quê alongarmo-nos sobre as danças dos nossos jovens, as suas caças com ou sem matilha, as suas competições gímnicas e hípicas? É suficientemente claro que as regras a seguir nisso dependem das que já estabelecemos e não é difícil descobri-las.

- Talvez - disse ele - não seja difícil.

-Admitamo-lo - prossegui. - Depois disso, que nos falta determinar? Não é a escolha dos cidadãos que devem mandar ou obedecer?

- Sem dúvida.

- Ora, é evidente que os velhos deverão mandar e os novos obedecer.

- É evidente.

- E que entre os velhos é preciso escolher os melhores.

- É evidente também

- Mas os melhores entre os agricultores não são os mais aptos a cultivar a terra?

- São.

- Portanto, não é forçoso que os nossos chefes, visto que devem ser os melhores entre os guardas, sejam os mais aptos a guardar a cidade?

-Assim é.

- E isso não exige inteligência, autoridade e dedicação à coisa pública?

- Com certeza.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 96

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265