É próprio de um homem modesto aceitar o seu círculo de amizades tal como lhe é apresentado pela providência; e assim se comportava o advogado. Os seus amigos ou eram pessoas do seu próprio sangue ou conhecidos de longa data; as suas afeições, à semelhança da hera, cresciam com o tempo e não implicavam qualquer preferência pelo objecto. Assim eram os laços que o uniam ao Sr. Richard Enfield, seu parente afastado e homem bem conhecido na cidade. Aquilo que cada um via no outro, ou o que tinham como interesses comuns, era algo que, para muita gente, constituía um enigma. Quem se habituara a vê-los nos seus passeios dominicais dizia que não proferiam palavra, que tinham um ar particularmente aborrecido e que saudavam com notório alívio o aparecimento de um amigo. Apesar de tudo isso, os dois homens dedicavam-se com todo o empenho a estas caminhadas, considerando-as como os melhores momentos da semana e para poderem apreciá-las sem serem interrompidos, não só prescindiam de quaisquer divertimentos, como até punham de lado os assuntos profissionais.
Num desses passeios, o acaso levou-os a percorrer uma ruela de um bairro movimentado de Londres. Era uma travessa pequena e, por assim dizer, sossegada; mas tinha um comércio muito intenso nos dias de semana.