O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 53 / 102

Mas na semana passada não tivemos mais nada; somente papéis e uma porta fechada, onde até as próprias refeições eram aí deixadas, para serem recolhidas mais tarde, quando ninguém estivesse a ver. Enfim, Sr. Utterson, todos os dias, e por vezes duas e três vezes no mesmo dia, houve ordens e reclamações, e tive de percorrer todos os droguistas da cidade. Sempre que lhe trazia o medicamento, recebia um outro papel a mandar-me devolvê-lo, por não ser puro, juntamente com outra encomenda a uma firma diferente. Esta droga é muito desejada, Sr. Utterson, seja lá para o que for.

- Tem consigo algum desses papéis? - perguntou o advogado.

Poole levou a mão ao bolso e retirou um bilhete amarrotado que o advogado, inclinando-se sobre a candeia, examinou cuidadosamente. Assim rezava o seu conteúdo: «O Dr. Jekyll apresenta os seus cumprimentos aos Srs. Maw e assegura-lhes que a última amostra é impura e totalmente inútil para o fim em vista. No ano de 18..., o Dr. J. adquiriu aos Srs. Maw uma quantidade avultada. Solicita-lhes agora que procurem com o mais rigoroso cuidado e, caso encontrem alguma remessa da mesma qualidade, lha enviem com a maior brevidade, sem olhar a despesas. A importância que esta droga tem para o Dr. J. dificilmente pode ser mais realçada.» Até este ponto, a carta estava redigi da com bastante compostura, mas a frase final, com um brusco salpico de tinta, denunciava o estado emotivo do autor. «Por amor de Deus», acrescentara, «arranjem-me algo da velha remessa.»





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