O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 56 / 102

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- Há um machado no anfiteatro - prosseguiu Poole; - e para si, pode trazer o atiçador da cozinha.

O advogado empunhou aquele instrumento rude mas pesado e balanceou-o no ar.

- Poole - disse, olhando para cima -, sabe que estamos prestes a expor-nos a uma situação de algum risco?

- É verdade, Sr. Utterson, bem pode dizê-lo - respondeu o mordomo.

- Nesse caso, é bom que sejamos francos - sugeriu o outro. - Ambos imaginamos algo mais do aquilo que dissemos; vamos deixar tudo em pratos limpos. Conseguiu reconhecer a figura mascarada que viu?

- Bem, foi tudo tão rápido, e a criatura estava tão curvada, que dificilmente poderia jurar - explicou Poole. - Mas se pretende saber se era o Sr. Hyde... Pois bem, sim, penso que era! Bem vê: assemelhava-se muito no tamanho; e tinha os mesmos modos bruscos e ligeiros; aliás, quem mais poderia entrar pela porta do laboratório? O senhor não se esqueceu de que, na altura do assassínio, ele ainda tinha a chave na sua posse, pois não? Mas isso não é tudo. Não sei, Sr. Utterson, se alguma vez se cruzou com esse Sr. Hyde.

- Sim - respondeu o advogado -, falei com ele uma vez.

- Então, deve saber, como todos nós, que havia algo de muito esquisito naquele cavalheiro... algo que deixava qualquer pessoa alterada... não sei dizer mais do que isto: sentia-se um calafrio a percorrer a espinha.

- Eu próprio senti algo parecido com o que descreve - corroborou o Sr. Utterson.

- É isso mesmo - ripostou Poole. - Pois bem, Sr. Utterson, quando aquela criatura mascarada saltou por entre os produtos químicos e se esgueirou para o gabinete, senti esse calafrio a descer-me pela espinha, como se fosse gelo.





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