Ah, bem sei que não serve de prova, Sr. Utterson; tenho uma cultura livresca suficiente para o saber; mas um homem tem os seus pressentimentos, e juro-lhe pela Bíblia Sagrada que era o Sr. Hyde!
- Sim, sim! - exclamou o advogado. - Os meus receios convergem no mesmo ponto: um mal que, receio bem, estava inevitavelmente na base dessa ligação. Sim, acredito em si, sinceramente; acredito que o pobre Harry tenha sido assassinado; e acredito que o seu assassino (quanto a isso, só Deus pode falar) continua deambulando nos aposentos da vítima. Pois bem, façamos vingança. Chame o Bradshaw.
O lacaio respondeu à chamada; muito pálido e nervoso. - Acalme-se, Bradshaw - disse o advogado. - Sei que esta tensão está a causar-vos um grande desgaste; mas agora é nossa intenção pôr termo a ela. Eu e o Poole vamos forçar a entrada no gabinete. Se tudo correr bem, os meus ombros chegarão para suportar o embate. Entretanto, a menos que alguma coisa de anormal aconteça, ou algum malfeitor tente escapar pelas traseiras, você e o rapaz devem dobrar a esquina munidos de um bom par de bastões e postar-se à porta do laboratório. Têm dez minutos para ocuparem os vossos postos.
Quando Bradshaw partiu, o advogado consultou o relógio.
- E agora, Poole, vamos para o nosso posto - disse; e, com o atiçador debaixo do braço, abriu caminho até ao pátio.
A neblina instalara-se cobrindo a lua, e já estava bastante escuro.