E aqui... ah!, agora, isto é realmente qualquer coisa de muito especial.
Mergulhou o braço no fundo da mala e retirou uma caixa pequena de madeira, com tampa corrediça, tal como aquelas em que se guardam os brinquedos das crianças. De dentro extraiu um pedaço de papel enrugado, uma velha chave de bronze, uma estaca de pau com um novelo de cordel enrolado e três discos de metal velhos e enferrujados.
- Bem, meu amigo, o que faria você desta bugiganga? - perguntou ele, sorrindo da minha expressão.
- É uma coisa curiosa!
- Muito curiosa, e a história que está ligada a ela chocá-lo-á ainda mais.
- Então estas relíquias têm uma história?
- Tanto que são História.
- Que quer dizer com isso?
Sherlock Holmes olhou-as uma por uma e espalhou-as na borda da mesa. Depois sentou-se de novo na cadeira, examinando-as com um brilho de satisfação nos olhos.
- Elas - disse - são tudo o que deixei para me lembrar do episódio do Ritual Musgrave.
Eu tinha-o ouvido mencionar o caso mais de uma vez, embora nunca pudesse conhecer os pormenores.
- Gostaria imenso que me contasse o que se passou.
- E deixar esta desordem como está? - exclamou maliciosamente. - Afinal o seu gosto pela arrumação não sofrerá muito, Watson. Mas ficaria contente se você acrescentasse este caso aos seus anais, porque há nele pontos que o tornam absolutamente único nos registos de crimes deste ou, como creio, de qualquer outro país. Uma colecção dos meus insignificantes feitos certamente ficaria incompleta se não contivesse a narrativa deste singularíssimo caso.
«Deve lembrar-se de que o assunto do Glória Scott, e a minha conversa com o infortunado homem cujo destino lhe contei, foi o primeiro a chamar a minha atenção no sentido da profissão que se transformou no trabalho da minha vida.
