O Estrela de Prata - Receio bem, Watson, que tenha mesmo que ir. - Disse-me Holmes, uma manhã quando nos sentávamos para tomar o café matinal.
- Ir! Aonde?
- A Dartmoor; a King's Pyland.
Não fiquei surpreendido. Na realidade, o que me surpreendia era que não tivesse ainda sido envolvido nesse caso extraordinário que constituía o grande tema de conversação em toda a Inglaterra. O meu amigo tinha passado todo o dia a andar pela sala com o queixo mergulhado no peito, com a testa franzida e a encher o cachimbo de tabaco forte, muito forte, e absolutamente surdo a qualquer das minhas questões ou observações. As edições dos jornais mais recentes eram-nos enviadas pelos nossos agentes. Percorríamo-los rapidamente com os olhos e depois atirávamo-los para o canto. Muito embora estivesse silencioso, eu sabia perfeitamente em que é que ele estava a meditar. Só existia um problema perante o público que podia desafiar o seu poder de análise: o desaparecimento singular do favorito da Taça Wessex e o trágico assassínio do seu treinador. Portanto, quando, de repente, me anunciou a intenção de partir para o local do crime, isso era, não só, o que eu esperava como também o que desejava.
- Sentir-me-ia muito feliz em acompanhá-lo, caso não incomodasse - disse.
- Meu caro Watson, a sua vinda prestar-me-á um grande favor.
Além disso, creio que o seu tempo não será perdido, porque há pontos neste caso que prometem torná-lo absolutamente único. Parece-me que temos apenas o tempo necessário para apanhar o comboio em Paddington. Mas discutiremos depois o assunto durante a viagem. Far-me-ia um grande favor se trouxesse consigo o seu excelente binóculo.
E, em pouco mais de uma hora, encontrava-me na extremidade de um vagão de primeira classe avançando velozmente para Exeter.