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» Subimos ao seu escritório e ele espalhou os restos diante de mim. Ao olhá-los compreendi que pudessem ser considerados de pouca importância, pois o metal estava quase preto e as pedras sem brilho. Esfreguei uma delas na minha manga e brilhou imediatamente como uma centelha na concha da minha mão. O metal tinha a forma de um anel duplo, mas fora muito retorcido, alterando-se assim a sua forma original.
«- Você deve recordar-se» - disse-lhe eu - «de que o partido real fez progressos em Inglaterra mesmo depois da morte do rei e, quando por fim fugiram, deixaram provavelmente muitas das suas preciosas posses sepultadas com a intenção de as virem buscar em épocas mais pacíficas.»
«- O meu antepassado Sir Ralph Musgrave era um cavalheiro e o braço direito de Carlos II» - disse o meu amigo.
«- Ah! Muito bem» - respondi. «- Suponho que agora temos realmente o último elo de que precisávamos. Devo felicitá-lo por ir entrar na posse, ainda que de maneira muito trágica, de uma relíquia de grande valor intrínseco, mas ainda de maior importância como curiosidade histórica.»
«- Qual é, então?» - perguntou com espanto.
«- Nada menos que a antiga coroa dos reis de Inglaterra.
«- A coroa?!
«- Precisamente. Considere o que diz o Ritual. Como é? 'De quem era?; De quem morreu.' Foi depois da execução de Carlos I. 'Quem a terá?; Quem vier.' Foi Carlos II, cujo advento já era previsto. Creio que não pode haver dúvida de que este diadema arruinado e já sem forma coroou um dia as frontes reais dos Stuarts.
«- E como veio aqui parar? E como ficou escondido?»
«- Oh!, esta é uma pergunta que levará algum tempo a responder» - e então expliquei toda a longa cadeia de hipóteses e de provas que tinha construído.