Mas, em resumo, estava inclinado a pôr de lado a ideia de ter havido alguma coisa entre o coronel e Miss Morrison. Porém, estava mais do que nunca convencido de que a jovem possuía o segredo do que levara Mrs. Barclay a odiar o seu marido. Resolvi, portanto, chamar Miss Morrison, explicar-lhe que estava perfeitamente certo de que ela conhecia os factos e assegurar-lhe que a sua amiga, Mrs. Barclay, podia vir a encontrar-se no banco dos réus sob uma acusação capital se o assunto não se esclarecesse.
»Miss Morrison é pequena. É uma migalha etérea de gente, de olhos tímidos e cabelos louros, mas pareceu-me que não lhe faltavam, de modo algum, perspicácia e bom senso. Pensou durante algum tempo depois do que eu lhe disse e, então, voltando-se para mim com um ar animado de resolução, rompeu num notável depoimento, que resultará em seu benefício.
«- Prometi à minha amiga nada revelar sobre o assunto e promessas são promessas» - disse ela. «- Mas se a puder auxiliar, quando tão séria acusação lhe fazem, e quando a sua própria boca, pobre querida, está fechada pela doença, penso então que estou absolvida da minha promessa. Dir-lhe-ei exactamente o que aconteceu na noite da segunda-feira:
»Voltámos de Watt Street Mission, cerca de um quarto para as nove. Tínhamos de passar por Hudson Street, que é uma viela deserta. Tem apenas um candeeiro do lado esquerdo e, quando nos aproximámos dele, vi um homem que vinha na nossa direcção, com as costas muito curvadas e com qualquer coisa que parecia uma caixa pendurada ao ombro. Parecia deformado, porque levava a cabeça baixa e andava com os joelhos curvos. Passávamos por ele quando ergueu o rosto para nos olhar no círculo de luz projectado pelo candeeiro.