Pertencia, recordo-me perfeitamente, a uma família muito bem relacionada e, apesar de sermos muito novos, sabíamos que o irmão de sua mãe era lorde Holdhurst, o grande político conservador. Este brilhante parentesco trouxe-lhe, no entanto, poucas vantagens na escola; parecia-nos até divertido persegui-lo no recreio e golpear-lhe as canelas com o taco do
cricket. Mas quando saiu para o mundo, tudo se tornou diferente. Ouvi vagamente dizer que as suas aptidões e a influência que exercia a sua família lhe haviam granjeado uma boa colocação no
Foreign Office, e então perdi-lhe o rasto, até que a carta que se segue me relembrou da sua existência.
Briarbrae, Woking
Meu caro Watson,
Não tenho dúvidas de que ainda se deve lembrar de «Tadpole» Phelps, que frequentava o quinto ano quando você estava no terceiro. É até possível que tenha ouvido dizer que, por influência de meu tio, consegui uma óptima colocação no Foreign Office. Estava realmente num lugar de confiança, de honra mesmo, quando uma horrível desgraça me destruiu a carreira.
Não vale a pena descrever os pormenores deste terrível acontecimento; no entanto, se aceder ao meu pedido, terá possivelmente de os ouvir. Acabo de me restabelecer de uma febre cerebral e estou ainda excessivamente fraco. Parece-lhe que seria possível trazer o seu amigo Sr. Holmes para me visitar? Gostaria de saber a opinião dele sobre o caso, embora as autoridades me assegurem que nada mais se pode fazer. Procure trazê-lo tão depressa quanto lhe for possível. Cada minuto parece uma hora, para quem vive nesta horrível incerteza. Asseguro-lhe que se lhe não pedi conselho mais cedo não foi por lhe não ter reconhecido talento, mas porque tenho estado positivamente fora de mim desde que o caso estoirou.