E depois... E depois... Como dizer-vos o que aconteceu?
Um objecto volumoso precipitou-se contra nós na obscuridade. Uma coisa que se empinava, que batia com o pé, que saltava, que soltava bufidos, que era capaz de esmagar tudo na sua passagem. A mesa voou em estilhaços. Fomos dispersados em todas as direcções. A coisa fazia um barulho infernal, empurrava-nos, corria de um canto para o outro com uma energia atroz. Todos gritávamos de pavor, tínhamos caído de gatas para procurar pôr-nos fora do alcance da coisa. Não sei o quê caminhou sobre a minha mão; senti os ossos estalarem com o peso.
- Luz! - gritou alguém.
- Moir, tem fósforos? Fósforos!
- Não, não tenho. Deacon, onde estão os fósforos? Fósforos pelo amor de Deus!
- Não consigo encontrá-los. Você aí, francês, pare com isto!
- Está fora do meu poder. Oh, meu Deus, não consigo parar nada! A porta! Onde está a porta?
Por mero acaso a minha mão tinha dado com o puxador da porta enquanto andava aos apalpões na escuridão. A coisa da respiração rude tinha-se lançado para o meu lado e embatera com um barulho horrível no tabique de carvalho. Fiz rodar o puxador e saímos todos fechando depois a porta. No interior a barulheira aterradora continuava sem descanso.
- O que é? Em nome do Céu, o que é esta coisa?
- Um cavalo. Vi-o quando a porta foi aberta. Mas Mrs. Delamere?
- Temos que lá voltar para procurá-la. Vamos Markham! Quanto mais esperarmos, menos gostaremos disto.
Escancarou a porta e precipitámo-nos no estúdio. No meio dos destroços da sua cadeira, Mrs. Delamere jazia no solo. Agarrámo-la e puxámo-la para fora rapidamente; uma vez chegados ao limiar lancei uma espreitadela para trás de mim. Na obscuridade dois olhos estranhos cintilavam enquanto nos fitavam; só tive tempo para atirar com a porta: do outro lado ecoou uma pancada terrível; a porta foi fendida de alto a baixo.