- Estou-lhe grato por ter vindo.
- Por que não assinou o bilhete?
- Ninguém se perde por ser prudente, amigo. Nos tempos que correm nunca se sabe em quem se pode confiar.
- Penso, contudo, que entre irmãos da loja deve existir confiança recíproca.
- Nem sempre - exclamou Morris com veemência. - Tudo o que dizemos ou apenas pensamos, parece ir parar aos ouvidos de Mac Ginty.
- Não se esqueça - advertiu Mac Murdo com ar severo, - de que, ainda ontem à noite, jurei fidelidade ao grão-mestre. Você vai pedir-me que quebre o meu juramento?
- Se toma a coisa por esse lado - disse Morris tristemente, - lamento o incómodo de ter vindo encontrar-se comigo. A situação é realmente lamentável, se dois cidadãos livres não podem trocar ideias francamente.
Mac Murdo, que estivera a observar o seu interlocutor com toda a atenção, abrandou o rigor da atitude.
- Como sabe, sou novo aqui e completamente estranho a esta situação. Não serei eu quem vá denunciá-lo, Morris, se julga oportuno comunicar-me alguma coisa.
- Não vai repeti-la a Mac Ginty? - inquiriu Morris.
- Está a ser injusto para comigo - protestou Mac Murdo. – Pessoalmente, sou fiel à Loja, mas seria um miserável se fosse repetir o que você me disser. O seu segredo permanecerá comigo, mesmo que o advirta de que talvez não venha a obter o meu acordo.
- Já renunciei à possibilidade de ser compreendido - replicou Morris. - É quase certo que estou a arriscar a minha vida, colocando-a nas suas mãos. Mas, ontem à noite, pareceu-me que a sua consciência, por ora, não se tornou: tão insensível como a dos outros. Foi por isso que julguei poder falar-lhe.
- Que tem para dizer?
- Se me atraiçoar, que Deus o amaldiçoe!
- Já lhe disse que não o faria.