O Vale do Terror - Cap. 11: Capítulo 4 – O Vale do Terror Pág. 137 / 172

Porém, mesmo no mais íntimo recesso do baluarte da lei, os longos tentáculos dos Homens Livres eram capazes de penetrar. Noite alta, apareceu um carcereiro com um molho de palha, que lhes devia servir de cama, de dentro do qual extraiu duas garrafas de whisky, alguns copos e um baralho de cartas. Passaram o tempo alegremente, sem a menor preocupação pelo que lhes estava reservado na manhã seguinte.

Na realidade, o juiz, perante as provas testemunhais, não pôde dar uma sentença que pudesse levar o caso a tribunal superior. Por outro lado, tipógrafos e impressores foram obrigados a admitir que a luz era frouxa, que eles próprios se encontravam muito perturbados e que lhes era difícil jurar com plena convicção qual fora a identidade dos assaltantes, apesar de acreditarem que o acusado estava entre eles. Inquiridos pelo hábil advogado contratado por Mac Ginty, caíram em contradições e incertezas, cada vez mais nebulosas. A vítima já declarara que, surpreendida pelo imprevisto do ataque, só podia afirmar que o seu agressor usava bigode. Declarara ainda que sabia tratar-se dos Vingadores, pois ninguém na comunidade era seu inimigo e além disso já tinha sido ameaçado por causa dos seus artigos desassombrados. De resto, ficou cabalmente provado, pelos testemunhos inabaláveis de seis cidadãos, incluindo-se o do alto funcionário municipal, Conselheiro Mac Ginty, que os homens tinham estado a jogar às cartas, na sede do Sindicato, até uma hora muito mais avançada do que aquela a que fora cometido o crime. É inútil acrescentar que foram postos em liberdade com palavras que mais pareciam desculpas, por parte do juiz, pelo incómodo sofrido, juntamente com uma censura implícita ao capitão Marvin e à Policia, pelo seu zela excessivo.





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