- Então não me interessa, Sou um homem prático.
- A coisa mais prática que você podia fazer na vida, amigo Mac, seria recolher-se por três meses e ler doze horas por dia, os anais do crime. Tudo se repete em ciclos, até mesmo o Prof. Moriarty. Jonathan Wild era a força oculta dos criminosos de Londres, a cujo serviço pôs a sua inteligência e organização, mediante uma comissão de quinze por cento. A história repete-se. Tudo o que já aconteceu, sempre acontecerá. Vou contar-lhe certas coisas de Moriarty que talvez lhe sejam úteis.
- Não tenho dúvidas a esse respeito.
- Sei quem figura como elo principal desta cadeia, com este Napoleão do mal, numa extremidade, e uma centena de malandros dispostos a tudo, carteiristas, chantagistas, batoteiros, na outra, com toda a, espécie de crimes de permeio. O chefe do seu estado-maior é o coronel Sebastian Moran, indivíduo circunspecto e precavido, tão inacessível à lei como o chefe supremo. Sabe quanto Moriaty paga a este homem?
- Gostaria de saber,
- Seis mil libras por ano. Recompensa pelo trabalho intelectual: o método americano de realizar negócios. Soube desse pormenor, por mero acaso. Isto representa mais do que ganha o nosso primeiro-ministro e dá uma ideia dos lucros de Moriarty e da escala em que opera.
»Dediquei-me ultimamente a investigar alguns dos seus cheques; cheques comuns com que paga as contas domésticas. Verifiquei serem sacados contra seis bancos diferentes. Que pensa disto?»
- Muito estranho! Qual é a sua conclusão?
- De que ele não quer comentários acerca da sua fortuna. Pessoa alguma pode saber quanto possui. Não hesito em acreditar que tenha dinheiro em vinte bancos, a maior parte provavelmente no exterior, no “Deutsche Bank” ou no “Crédit Lyonnais”.