Peço-lhes apenas para não aborrecerem Mrs. Douglas com este assunto, pois ela já tem sofrido bastante. Posso dizer-lhes que Douglas tinha um único defeito na vida, e esse defeito era o ciúme. No entanto, gostava muito de mim... E era muito devotado à mulher. Sentia prazer em que eu o visitasse e chamava-me constantemente. Contudo, se eu e sua mulher conversássemos a sós, manifestando alguma simpatia, ficava roído de ciúme, fazendo-o perder a cabeça e dizer insolências. Por este motivo, mais de uma vez decidi não voltar a procurá-lo; mas ele escrevia-me cartas tão solícitas que acabava sempre por voltar, apesar da minha decisão. Porém, afirmo-lhes que nenhum homem teve mulher mais amorosa e fiel... e posso também garantir-lhe, nenhum amigo mais leal do que eu.
- O senhor sabe - insistiu Mac Donald, - que a aliança do morto lhe foi tirada do dedo?
- Assim parece - respondeu Barker.
- Porque diz “assim parece”? O senhor sabe muito bem que se trata de um facto positivo.
Barker mostrou-se indeciso.
- Quando disse “assim parece”, pretendi sugerir que talvez o próprio Douglas a tivesse tirado.
- O simples facto de faltar a aliança, seja quem for que a tenha tirado, sugere uma relação entre o casamento e a tragédia. Não lhe parece?
Barker encolheu os largos ombros.
- Não sei - retorquiu. - Mas, se pretende insinuar que isso possa reflectir-se, de qualquer modo, na honra de Mrs. Douglas... - Os olhos brilhavam-lhe, mas controlou as emoções. - Estão a seguir por um caminho errado.
- Creio não ter mais perguntas a fazer-lhe, por enquanto - declarou Mac Donald, friamente.
- Desejava ainda um pequeno esclarecimento - interveio Holmes.- Quando o senhor entrou na sala só havia uma vela acesa sobre a mesa, não é verdade?
- Precisamente.