O Vale do Terror - Cap. 1: PRIMEIRA PARTE - A TRAGÉDIA DE BIRLSTONE - Capítulo 1 – O Aviso Pág. 5 / 172

Apenas tive tempo de escondê-lo. Se ele o tivesse visto, eu teria ficado em maus lençóis. Por favor, queime o bilhete cifrado que, agora, já lhe não será útil.

Fred Porlock.

Holmes deixou-se ficar sentado por alguns instantes, enrolando a carta entre os dedos e fitando o lume, com ar carrancudo.

- Afinal de contas talvez não passe de fantasia. É possível que ele esteja apenas a sentir a consciência culpada. Sabendo-se um traidor, pensou ver a acusação nos olhos do outro.

- O outro é o prof. Moriarty?

- Em pessoa. Quando alguém daquele bando se refere a ele, já se sabe de quem se trata. Para toda aquela gente- só existe um ele.

- Mas que pode ele fazer?

- Hum! Quando você tem contra si um dos maiores cérebros da Europa, apoiado por todas as forças do Mal, as possibilidades são infinitas. De qualquer forma, é evidente que o nosso amigo Porlock está assustadíssimo. Compare a letra do bilhete com a do sobrescrito endereçado, como ele próprio diz, antes da visite fatídica. Uma é clara e firme: a outra, quase ilegível.

- Por que motivo escreveu? Porque não se limitou a ficar calado?

- Pela simples razão de temer que eu procurasse pedir-lhe informações sobre o caso e colocando-o, provavelmente, em má situação.

- Não há dúvida - concordei, apanhando a mensagem cifrada e começando a examiná-la. - Perturba-nos pensar que um segredo importante se pode ocultar nesta tira de papel e que, desvendá-lo, transcende o poder humano.

Sherlock Holmes tinha afastado de si o pequeno-almoço intacto e acendera o cachimbo, companheiro das suas mais profundas meditações.

- Quem sabe! - exclamou recostando-se na cadeira e olhando fixamente o tecto.





Os capítulos deste livro