Ao verem-me, mas demasiado tarde, recobraram as suas máscaras solenes. Trocaram algumas rápidas palavras após o que Barker se levantou e veio ao meu encontro.
- Desculpe-me, mas é com o Dr. Watson que tenho a honra de falar?
Inclinei a cabeça com uma frieza que revelava claramente a impressão desagradável suscitada pelo comportamento de ambos.
- Imaginámos que fosse justamente o senhor, em vista da sua tão conhecida amizade com Mr. Holmes. Poderia vir falar por um momento com Mrs. Douglas?
Segui-o, pensando naquele corpo golpeado, estendido no soalho, e em que, poucas horas depois do trágico acontecimento, a mulher do assassinado e o seu amigo mais íntimo estavam a rir, juntos, atrás de uma moita, no jardim do morto. Cumprimentei Mrs. Douglas, reservadamente.
- Receio que o senhor me julgue insensível e sem coração - proferiu ela.
- Isso não me diz respeito - retorqui, encolhendo os ombros.
- Talvez um dia o senhor me faça justiça. Se puder compreender...
- Não vejo que interesse tenha Dr. Watson em compreender! - interrompeu prontamente Balker. Como ele próprio o disse, o assunto não lhe diz respeito.
- Precisamente - concordei, - e por isso peço-lhes licença para prosseguir o meu passeio.
- Um momento, Dr. Watson - pediu Mrs. Douglas. - Há uma pergunta à qual o senhor pode responder com mais autoridade do que qualquer outra pessoa, e isso poderá ter para mim uma enorme importância. Conhece melhor do que ninguém Mr. Holmes, e as suas relações com a Polícia. Se ele fosse informado, confidencialmente, de alguma coisa, julga que teria absoluta necessidade de transmitir essa informação eventual aos agentes encarregados da investigação oficial?
Barker inquiriu:
- Ele trabalha por conta própria ou opera unicamente, por encargo das autoridades oficiais?
- Francamente, não me julgo no direito de pronunciar-me a esse respeito.