Camões - Cap. 9: CANTO NONO Pág. 156 / 177

- Maior é o sacrifício

Que prometi, maior.»

XIII

Tira um retrato

Do seio: olhos sanguíneos, arrasados

De despeitosas lágrimas, cravava

Na pintura; - com ímpeto os afasta

Logo, e diz - «Cumprirei o que hei jurado

Houve-o de suas mãos este depósito

Nas derradeiras horas: confiada

A um rival generoso foi a extrema

Vontade sua; força é dar-lhe inteira

Execução, qual à minha honra cumpre.

Ei-lo aqui, o legado precioso;

Pela mão do inimigo amor to entrega.»

XIV

Comovido do íntimo do peito,

Magoada vista punha no retrato

O guerreiro, em cuja alma combatiam

Paixões tão desvairadas, tão confusos

Sentimentos e afectos, que expressá-los

Não saberia o coração que os sente.

- «Prenda cruel d’amor, dádiva infausta...

Antes querida!...» Aqui parou cortado,

Coas ideias, o fio das palavras.





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