Mas continuou depois:
- «Forçais-me, conde,
Mais que a admirar-vos: o ódio que me tendes,
Generoso rival, não me é possível
Abrir-lhe o peito, não. Odiai-me embora,
Que vos amarei eu, mau grado vosso.
O retrato... Oh! jamais não será dito
Que em pontos de honra e generoso brio
Fique Luís de Camões de outrem vencido.
Guardai-o vós, senhor, guardai-o: é vosso:
A um inimigo tal amor o cede.»
XV
Suspensos, mudos ambos se entr’olhavam
Os dous rivais briosos que alta prova
Assim do nobre peito heróica davam
Em magnânimo duelo de virtude.
No rosto ao conde as rugas se alisavam
Que ciosos rancores lhe frangeram;
E bem se via que os jurados ódios
Ao generoso feito se rendiam.
Lutaram todavia; mas vitória
Em peito bem nascido há sempre o brio.
- «Venceste, cavaleiro; as armas ponho.