O Principezinho - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 41 / 78

- Claro que basta! Se tu achares um diamante e ele não for de ninguém, passa a ser teu. Se tu achares uma ilha e ela não for de ninguém, passa a ser tua. Se tu fores o primeiro a ter uma ideia, tiras-lhe a patente: é tua. Pois eu tenho as estrelas porque, antes de mim, nunca ninguém se tinha lembrado de as ter.

- Lá isso é verdade! - disse o principezinho. - E o que é que fazes com elas?

- Administro-as. Conto-as e torno a contá-las - disse o homem de negócios. - É difícil. Mas eu sou um homem sério!

O principezinho ainda não estava satisfeito:

- Olha, mas eu, se tiver um lenço, posso pô-lo à volta do pescoço e levá-lo comigo. Eu, se tiver uma flor, posso apanhar a minha flor e levá-la comigo. Mas tu, tu não podes apanhar as tuas estrelas!

- Pois não, mas posso pô-las no banco.

- O que é que isso quer dizer?

- Quer dizer que pego num papelinho e escrevo o número das minhas estrelas. E depois guardo o papelinho numa gaveta e fecho-a à chave.

- E mais nada?

- Mais nada.

"Que é uma ideia divertida, lá isso é!", pensou o principezinho.

"E bastante poética. Duvido é que seja tão séria como isso…"

É que, para o principezinho, as coisas sérias eram muito diferentes daquilo que as coisas sérias são para as pessoas grandes. Ainda disse:

- Eu, cá por mim, tenho uma flor. Rego-a todos os dias. Tenho três vulcões. Limpo-os todas as semanas. Porque também limpo o que está extinto. Nunca se sabe... É útil para os meus vulcões e é útil para a minha flor que eu os tenha. Mas tu não és útil para as estrelas!

O homem de negócios ainda abriu a boca mas não foi capaz de encontrar resposta de jeito. O principezinho foi-se embora.

"As pessoas grandes são, de facto, extraordinárias", foi o que foi muito simplesmente a pensar durante a viagem.





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