Ao lado do poço, havia um velho muro em ruínas. No dia seguinte, à tardinha, ao voltar do trabalho, ainda vinha longe quando avistei o principezinho sentado lá em cima, com as pernas a baloiçar. E ouvi a voz dele:
- Então, não te lembras? Não é bem aqui...
Devia haver mais alguém, porque ele replicou:
- Sim! Sim! É hoje, de certeza! Mas não é bem aqui...
Continuei a caminhar em direcção às ruínas. Ainda não via nem ouvia ninguém. Mas o principezinho voltou a replicar:
-... Claro! Basta veres onde é que o rasto das minhas passadas começa e esperas por mim. Eu vou lá ter esta noite.
Eu encontrava-me a vinte metros das ruínas e ainda não via nada.
Após um silêncio, o principezinho disse:
- Tens um veneno bom? De certeza que não me vais fazer sofrer durante muito tempo?
Estaquei, com a garganta apertada, mas ainda sem perceber nada.
- Anda, agora vai-te embora que eu quero descer - disse ele.
Então, foi a minha vez de olhar para a parte debaixo das ruínas: dei um salto! O que ali estava, de cabeça esticada para o principezinho, era uma daquelas serpentes amarelas que não demoram trinta segundos a executar uma pessoa!
A serpente amarela
Desatei a correr, procurando a pistola no bolso. Mas, ao ouvir-me, a serpente deslizou suavemente para a areia, como um jacto de água a morrer, escapando-se depois por entre as pedras sem grandes pressas e com um leve ruído metálico.