Julgo que, para fugir, aproveitou uma migração de pássaros selvagens. No dia da partida, passou a manhã a arranjar o planeta, para deixar tudo em ordem. Varreu cuidadosamente por dentro os vulcões em actividade. Tinha dois vulcões em actividade. E davam imenso jeito, de manhãzinha, para aquecer o pequeno-almoço. Também tinha um vulcão extinto. Mas, como ele dizia: "Nunca se sabe... " Portanto, também varreu o vulcão extinto. Bem limpinhos, os vulcões ardem devagar, de uma forma regular e não têm erupções. As erupções vulcânicas são como os incêndios nas chaminés. É claro que cá, na nossa terra, somos demasiado pequenos para limpar os nossos vulcões. Por isso é que eles nos causam uma data de aborrecimentos.
Com uma pontinha de melancolia, o principezinho também foi arrancar os últimos rebentos de embondeiro. Pensava nunca mais voltar. Nessa manhã, todas aquelas tarefas, tão familiares, lhe pareciam perfeitamente deliciosas. E quando estava a regar a flor pela última vez e se preparava para a cobrir com a redoma, descobriu que tinha uma grande vontade de chorar.
Varreu cuidadosamente por dentro os vulcões em actividade