Ecce Homo - Cap. 15: Por que sou uma fatalidade Pág. 115 / 115

- com a mais espantosa incúria! Em vez de saúde, «salvação da alma» - quer dizer uma loucura circular que vai das convulsões da penitência à histeria da redenção! A ideia de «pecado» foi inventada com o complementar instrumento de tortura, o «livre-arbítrio», para extraviar os instintos, para fazer da desconfiança para com os instintos uma segunda natureza! Na noção de «desinteresse», de «renúncia», encontra-se O' verdadeiro sinal de decadência. A atracção que exerce tudo quanto é maléfico, a incapacidade de discernir o próprio interesse a destruição de si próprio, tornaram-se qualidades, e são o «dever» a «santidade», a «divindade» no homem! Enfim - e é o que há de mais terrível- na ideia do homem bom, toma-se partido por tudo quanto é débil, doente, malogrado, por tudo quanto sofre da própria imperfeição, por tudo quanto deve perecer - a lei da selecção é contrariada, constituindo-se um ideal de oposição ao homem altivo e bem logrado, ao homem afirmativo pelo qual se garante o porvir. Este homem torna-se o «homem meu...» E em tudo isso, sob o nome de «moral», se acreditou! -Écrasez l'infâme!

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Compreenderam-me - Dionísos que defronta o Crucificado...

FIM





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